Armazenamento de CO2 em depósitos geológicos – como e quanto?

Armazenamento de CO2 em depósitos geológicos – como e quanto?

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A captura, utilização e armazenamento de carbono é um conjunto de ações que visa reduzir os gases do efeito estufa (GEE) na atmosfera a partir da inserção de CO2 em formações geológicas. Compreender a importância desta tecnologia é essencial para atingir metas de Net Zero – iniciativa que visa desafiar e apoiar empresas integrantes do Pacto Global da ONU para que estabeleçam compromissos em relação ao clima que sejam ambiciosos e baseados na ciência e que integrem o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 13 (Ação Climática) e os objetivos do Acordo de Paris em suas estratégias de negócio. 

O movimento defende a definição de metas baseadas na ciência como uma maneira poderosa de impulsionar entregas de negócio. Além disso, a proposta defende a definição de metas baseadas na ciência como uma maneira poderosa de impulsionar entregas de impacto para a sociedade brasileira e por isso se propõe a trabalhar com setor empresarial brasileiro com compromissos individuais e ambições coletivas. 

Um grande exemplo se dá em relação a biocombustíveis como a cana-de-açúcar, por exemplo, um vegetal altamente eficiente na absorção de CO2. Durante seu crescimento, ela sequestra grandes quantidades de dióxido de carbono da atmosfera, ajudando a compensar parte das emissões geradas no processamento do etanol e em seu uso final nos veículos. Além disso, o bagaço da cana, subproduto do processo, é utilizado para gerar energia elétrica, reduzindo a dependência de combustíveis fósseis na produção. Continue conosco para saber mais sobre este assunto!

Como funciona o armazenamento de carbono neste caso?

O armazenamento geológico de dióxido de carbono (CO2) é uma solução promissora para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, um dos maiores desafios ambientais do século XXI. Esse processo, conhecido como CCS (Captura e Armazenamento de Carbono), envolve a captura de gás emitido por fontes industriais e sua injeção em formações rochosas subterrâneas onde ele pode ser armazenado com segurança por milhares de anos. A tecnologia se mostra cada vez mais essencial para conter o aquecimento global e, ao mesmo tempo, permitir que setores difíceis de descarbonizar, como o de cimento, petroquímico e siderúrgico, continuem operando de forma menos impactante.

Para compreender este armazenamento geológico de CO2, é necessário entender como ele é realizado. Após capturado, o gás passa por um processo de compressão que o transforma em um estado supercrítico, o que reduz seu volume, facilitando o transporte e o armazenamento. Esse gás é então transportado até locais específicos, onde é injetado em reservatórios geológicos profundos, como aquíferos salinos, campos de petróleo e gás esgotados, e camadas de carvão não mineráveis. Essas formações são escolhidas cuidadosamente devido à sua profundidade e por possuírem características estruturais que evitam o vazamento do gás.

As atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis, têm impulsionado o aumento desse gás para níveis perigosos, com poucas ações significativas para mitigar essas emissões. À medida que o dióxido de carbono e outros gases de efeito estufa se acumulam na atmosfera, eles agem como uma barreira, retendo o calor solar que deveria ser liberado de volta ao espaço à noite, resultando no fenômeno do aquecimento global.

Empresas, países ou instituições que conseguem diminuir suas emissões deste gás geram créditos de carbono. Essas unidades podem ser comercializadas com aqueles que, apesar dos esforços, não conseguem atingir suas metas de redução. Dependendo do contexto, essas metas podem ser voluntárias ou obrigatórias. A cada tonelada de CO2 que deixa de ser emitida ou é removida da atmosfera por meio de atividades como reflorestamento, é gerado um crédito de carbono.

O sucesso do armazenamento geológico

O sucesso do armazenamento geológico depende de condições geológicas específicas. Os locais ideais são profundos, com mais de 800 metros de profundidade, para manter o gás em estado supercrítico e impedir seu retorno à superfície. A presença de uma camada de rocha selante, como o xisto ou argilito, é fundamental para evitar que o gás escape do reservatório. Esse processo exige estudos geológicos detalhados para garantir que o local selecionado seja seguro e capaz de armazenar grandes volumes de dióxido de carbono por períodos prolongados.

No que se refere à quantidade de carbono que pode ser armazenada, as estimativas variam conforme as características do depósito e a localização geológica. Estudos mostram que aquíferos salinos e reservatórios de petróleo e gás esgotados têm potencial para armazenar bilhões de toneladas de CO2 globalmente. Segundo algumas projeções, esses depósitos poderiam, teoricamente, reter entre 10% e 25% das emissões anuais globais de carbono até o ano de 2050, contribuindo significativamente para as metas de redução de emissões.

Este armazenamento também enfrenta desafios técnicos e econômicos. A infraestrutura necessária para captura, transporte e injeção do CO2 é cara e, embora a tecnologia já exista, ela precisa ser ampliada para atender à demanda de redução das emissões em escala global. Além disso, o processo deve ser monitorado continuamente para garantir a integridade do depósito e evitar eventuais vazamentos, o que exige investimentos contínuos em tecnologias de monitoramento e manutenção.

Outro aspecto importante é a aceitação social do armazenamento geológico de CO2. Algumas comunidades receiam que essa tecnologia possa causar problemas ambientais ou de segurança, como o risco de vazamentos ou contaminação dos aquíferos e do meio geológico. Para aumentar a aceitação social, é essencial um esforço de comunicação transparente que explique os processos e os controles de segurança aplicados, além de uma regulamentação rigorosa para minimizar qualquer risco.

No entanto, para que sua implementação seja bem-sucedida, é preciso um esforço conjunto entre governos, empresas e comunidade científica. A longo prazo, o desenvolvimento de uma infraestrutura global de CCS poderia ser um pilar fundamental para conter o aquecimento global, alinhando-se aos objetivos estabelecidos no Acordo de Paris.

Em maio de 2022, o Brasil deu um importante passo ao regulamentar seu mercado de carbono por meio do Decreto nº 11.075. No entanto, especialistas indicam que o país emite atualmente menos de 1% do seu potencial anual de créditos de carbono, gerados principalmente por projetos de conservação e pela produção de energia a partir de resíduos.

Além disso, os custos para desenvolver e implementar projetos de crédito de carbono no Brasil são menores e mais competitivos do que a média global, especialmente porque o setor agrícola, uma das principais forças da economia brasileira, oferece inúmeras oportunidades de expansão nesse mercado.

Outro aspecto positivo para o Brasil no mercado de carbono é a criação de empregos. De acordo com estudos da WayCarbon, o setor pode gerar até 8 milhões de vagas no mercado interno, movimentando entre US$ 493 milhões e US$ 100 bilhões até 2050. 

A análise econômica que avalia o potencial do Brasil nesse setor estima que cerca de 80% da capacidade de geração de créditos de carbono virá de projetos de restauração florestal em áreas degradadas.

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Referências consultadas 

Avanços tecnológicos em CCS: Rumo a uma economia com baixa emissão de carbono. Disponível em: https://www.hidroplan.com.br/site/blog-era-da-agua/105-avancos-tecnologicos-em-ccs-rumo-a-uma-economia-com-baixa-emissao-de-carbono Acesso em: 13 nov. 2024

Entenda o que é e como funciona o mercado de carbono. Disponível em: https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2023-10/entenda-o-que-e-e-para-que-serve-o-mercado-de-carbono  Acesso em: 28 out. 2024.

Modelagem 3D do potencial de armazenamento geológico de CO2 do depósito de carvão de Chico Lõma, Bacia do Paraná. Disponível em: https://bdta.abcd.usp.br/directbitstream/4fcb4ac9-7b07-402e-a2f2-8322842e2abf/3150815.pdf  Acesso em: 14 nov. 2024

Portal da Indústria. 2022. Disponível em: https://www.portaldaindustria.com.br/industria-de-a-z/economia-de-baixo-carbono/  Acesso em: 14 nov. 2024.

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