Um novo estudo publicado na Revista Science menciona que até 20% dos poços de água subterrânea em todo o mundo correm o risco de secar, principalmente devido à superexplotação e à seca. Esse é um número preocupante porque metade da água potável e da irrigação agrícola do mundo vem de águas subterrâneas, sendo a única fonte de água potável para cerca de 2,5 bilhões de pessoas.
Para o estudo ambicioso, a equipe de pesquisa da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara composta por Scott Jasechko e Debra Perrone levou cinco anos para coletar e analisar dados sobre localizações de poços, profundidades, usos esperados e datas de construção para quase 39 milhões de poços em 40 países.
Onde havia lacunas nos dados relatados, a equipe baseou-se nos dados do Gravity Recovery and Climate Experiment (GRACE), baseado em satélite da NASA. As descobertas sugerem que até 20% dos poços de água do mundo são apenas até 5 metros (16,4 pés) mais profundos do que as águas subterrâneas. Se as tendências de seca, uso excessivo e recarga insuficiente de aquíferos continuarem, milhões de poços poderão secar nos próximos anos.
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Recarga de Aquíferos e banco de águas subterrâneas
Embora se espere que as mudanças climáticas tragam secas cada vez mais profundas, também se espera que produzam mais inundações. E se pudermos aproveitar a água da enchente e salvá-la para os períodos de seca? Infelizmente, a maior parte da água das enchentes corre rapidamente rio abaixo até o mar antes de poder recarregar os aquíferos.
A gestão da água na Califórnia, no entanto, tem sido muito bem-sucedida com a recarga de aquíferos e bancos de água subterrânea. Durante as épocas de forte precipitação e derretimento da neve, o excesso de água é desviado para áreas de percolação com solos porosos, dando à água tempo para filtrar em aquíferos.
O relatório Mundial das Nações Unidas sobre Desenvolvimento dos Recursos Hídricos, lançado no 8º Fórum Mundial da Água, em Brasília, propõe a busca de soluções baseadas na natureza que usam ou simulam processos naturais, como alternativas na gestão da água no mundo. A problemática no Brasil se dá em virtude de que, a maior concentração de abastecimento de água doce da Terra, cerca de 70% está na região amazônica, porém é o local onde vivem menos de 7% dos brasileiros. Aproximadamente 40% da população brasileira vive no Sudeste, onde uma seca em 2014 esgotou o reservatório de São Paulo para 3% da capacidade.
A interação entre baixa disponibilidade hídrica superficial e altas taxas de captação de água para usos consuntivos (consumo humano, agricultura, alimentação animal, indústria, entre outros) resulta em balanço hídrico quantitativo crítico a muito crítico na maior parte da região Nordeste brasileira, sobretudo se tratando de água subterrânea.
Esgotamento das águas subterrâneas
Embora a perfuração de novos poços venha à mente como uma possível solução, o estudo do GRACE descobriu que o destino dos poços mais novos não era muito melhor do que os antigos.
O que define a profundidade dos poços? Embora poços mais profundos possam acessar mais água subterrânea, os aquíferos tendem a ser salobros ou salinos em suas profundidades e são mais propensos a serem contaminados por outros minerais do solo. O custo de perfuração e bombeamento de poços profundos também é significativamente mais alto do que para poços mais rasos.
Alguns métodos vêm sendo discutidos quanto a essa problemática, sendo os dois mais debatidos:
Reutilização de água: Os programas de reuso de água também podem transformar fontes de água não tradicionais, como águas residuais e pluviais, em efluentes de alta qualidade para aplicações não potáveis, como irrigação agrícola e aplicações sanitárias. Com projetos e tecnologias altamente eficientes é possível utilizar águas residuais domésticas.
Dessalinização: Embora a dessalinização da água salobra seja muito mais barata do que a do mar, os aquíferos que ultrapassam os níveis críticos de salinidade raramente são explorados devido ao custo da dessalinização. Mas as circunstâncias mudaram de duas maneiras críticas. Em primeiro lugar, como constatado por Jasechko, Perrone (2021), existe um descompasso entre a recarga natural e a quantidade explorada para o uso humano. Em segundo lugar, a dessalinização passou por uma revolução na eficiência nos últimos 10 anos.
Cuidados com as águas subterrâneas
Lixões, substâncias tóxicas, atividades inadequadas de armazenamento de materiais químicos ou poluentes, manuseio inadequado e descarte de produtos e seus derivados ou resíduos, atividades de mineradoras que expõem o aquífero, uso equivocado de agrotóxicos e fertilizantes e irrigação exagerada do solo, que geram um processo de salinização e lixiviação, são as principais fontes de contaminação das águas subterrâneas.
De acordo com os dados da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2025, cerca de 2,7 bilhões de pessoas enfrentarão falta de água em todo o mundo. Previsões dão conta de que a água será o recurso mais cobiçado e gerador de guerras e disputas em um futuro catastrófico, porém não ficcional.
Fiscalizar possíveis poluidores, como fábricas, indústrias ou latifúndios e monitorar aquíferos e mananciais são o princípio da preservação das águas doces. Estabelecer padrões de qualidade ambiental e punir poluidores de forma que não compense a reincidência também são medidas importantes. Órgãos ambientais com boas condições de mapear áreas de risco e recuperar as já atingidas, além do estabelecimento de canais de informação e conscientização para a importância da preservação ambiental fecham o ciclo essencial de cuidado com os recursos dos aquíferos.
Qualquer pessoa que flagrar focos de poluição ou agressões ambientais deve denunciar às autoridades responsáveis (Conselhos e Órgãos de Meio Ambiente de municípios, estados ou da nação, bem como o IBAMA, e até mesmo a polícia, são habilitados a receberem denúncia).
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Referências consultadas:
Como prevenir a poluição das águas subterrâneas. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/como-prevenir-poluicao-das-aguas-subterraneas/#:~:text=Fiscalizar%20poss%C3%ADveis%20poluidores%2C%20como%20f%C3%A1bricas,reincid%C3%AAncia%20tamb%C3%A9m%20s%C3%A3o%20medidas%20importantes. Acesso em: 21 jul. 2024.
O geoprocessamento a favor das águas subterrâneas. Disponível em: https://www.hidroplan.com.br/site/blog-era-da-agua/62-o-geoprocessamento-a-favor-das-aguas-subterraneas Acesso em: 21 jul. 2024.
Science. Poços de águas subterrâneas de todo o mundo correm o risco de secar. Disponível em: https://www.science.org/doi/10.1126/science.abc2755 Acesso em: 21 jul. 2024.
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